Estão a prometer um novo céu e uma nova terra. Creem nisso e por isso promovem a escatologia. Tencionam fazer terra arrasada de tudo e recomeçar do nada. Se auto deificaram. Porém deuses não são. Entretanto, o que hoje vale a essência? O que vale é a aparência. Analisar argumento caiu em desuso, a moda atual é a crença no grito. O que vale é desilusão do momento. As pessoas não querem mais representantes, querem salvadores, desejam messias. Indivíduos crescidos que se têm na conta de extremamente autossuficiente aos urros e aos zurros exigem furiosamente a tutela.
Os pseudos deuses desprezam a realidade e em meio às suas papeladas criam uma teoria dela descolada. Poderiam ser razoáveis e dizer que sabem apenas o que sabem ou sinceros e dizer que o que sabem é que nada sabem. Porém, se creem oniscientes. Criam as soluções para uma realidade ideada e trarão ainda mais transtorno para a realmente existente. No final, quando ficar evidente que tudo não passou de som e fúria, irão culpá-la por não ser como deveria ser.
Tais engenheiros de novos mundos possuem a firme convicção que irão redimir a sociedade. Querem liquefazer tudo e ainda acham que seu confortável e sólido mundinho não irá derreter junto.
Estão se aproveitando de fissuras no estamento burocrático para começar a mudar esse sistema. Com o tempo se tornará o Imperativo categórico. A única referência será eles. No futuro até mesmo para se opor terá que estar no panteão, ser um demiurgo. Almejam ser o partido único.
Consideram os políticos simples agentes da corrupção. Querem tudo refundar, pretendem abolir a distinção dos três poderes. Pois, como entendem que os membros dos outros dois estão irremediavelmente corrompidos querem aglutinar as funções de suas esferas. Essa é a causa dessa estupendamente estúpida ânsia moralistas autoritária.
São monomaníacos. Quantas crimes serão cometidos para isso? Quantos direitos mais serão violados? Para se combater a corrupção far-se-á a proeza de cometer crimes mais graves que os investigados. Desejam não o julgamento, mas o linchamento. Atentem para o que direi, os direitos dos que cometeram crimes serão os primeiros a serem desrespeitados, já são. Depois os perseguidos serão quem os poderosos do momento considerarem culpados e, por fim, os caçados serão os que incomodarem. Uma vez que virarem o imperativo categórico, uma vez tornados o Bem já estará tudo perdido, pois, discordar do Bem é necessariamente o Mal. Quando quem toma o poder se vê como o Bem será impelido por sua consciência a liquidar a divergência, a qual verá como o Mal. Discordar será culpa, será pecado. Então, o pensamento será fiscalizado.
Não deliro. Tal absurdo já está em curso. As denúncias feitas por esses senhores e as sentenças deferidas por esses senhores nem sequer são lidas. No entanto, são corroboradas e ovacionadas. Portando trata-se de um ato de fé. Não crer neles é heresia.
Ao invés de investigar para então chegarem aos culpados, têm primeiro os culpados depois improvisam uma investigação. Este é o motivo da descompatibilização entre a Constituição e o proceder desses demiurgos. Esse é o motivo de uma interpretação não hermenêutica da lei. Essa é a razão para tamanha criatividade inusitada. As leis não mais enquadram as paixões. Estas subjugam aquelas. As leis existem, agora, apenas para legitimar a vontade do momento.
Sem previsão mínima haverá caos e insegurança. Afinal, sabe-se lá qual será o próximo absurdo que será decretado. Estaremos todos sujeitos a cegas forças metafísicas. Delas nada entenderemos, apenas sentiremos seu peso. Voltaremos ao tempo do velho testamento.
Protegei-nos senhor do Bem intencionados, pois deles provêm os perenes infernos.
Cassandro de la Mancha